Wednesday, July 11, 2007

Dia 6

-E aí!
-Nossa! Quanto tempo hein!?
-Verdade, algum... nem lembro exatamente quando foi a última vez que passamos alguma madrugada escrevendo aqui.
-Não se preocupe: o site tem registro das datas, é só olhar depois.
-Ah, é mesmo. Então, como tem passado?
-Não se pode reclamar muito... e você?
-Desse jeito também.
-Ok, chega de papo-furado. Que foi dessa vez?
-Hehe... você não mudou nada.
-VOCÊ não mudou nada. Vai, fale logo.
-Lembra sobre aquelas conversas que costumávamos ter sobre as relações das coisas, complexidade, causa X consequência...
-Sei, sei... mas, vixe... isso faz muito tempo.
-Pois é. Eu estive pensando muito sobre Sincronicidade, ultimamente.
-Ou isso é muito bom, ou é muito mau...
-Pera, você nem me ouviu ainda!
-Vai... o que aconteceu dessa vez?
-Vááárias coisas. Comecei fazer uma retrospectiva das coisas mais singelas que aconteceram comigo, que podem ter alguma relação com algo que eu já tenha passado, ou que estão por vir.
-Só não use a palavra "destino" que eu viro as costas, e vou-me embora.
-Não, nada disso. São só as relações não-causais. Não é algo que gerou isso. É como se fosse uma convergência de significados... não são coincidência! Por vezes nota-se um padrão até.
-Cara...
-É sério! É que você não tem sensibilidade pra notar esses fatos. São quase todos muito sutis. Lembra da rua que eu morava? Havia uma lavanderia com o apelido de uma irmã minha indo pro lado direito... e lembra-se do que havia no final da rua, indo pro lado esquerdo?
-Cara...
-Uma floricultura com o apelido da minha OUTRA irmã! Qual é chance disso acontecer? Há um significado nisso, não acha?
-Meu...
-Espera, não acabei: não tem notado a quantidade enorme de coisas que tenho... ahn... vivenciado ultimamente? Lembra quando eu estava conversando com a M...
-EI! CALABOCA! Você tá precisando de ajuda profissional, isso sim. PARE com isso.
-Por que?
-Isso é tão fácil de entender! Imagine que... ahn... imagine que você quer comprar um... um qualquer coisa... um tênis. Um tênis qualquer. Quer dizer, não um "tênis qualquer" mas, um tênis específico. Mas, tem dúvidas... está hesitante sobre isso... hum...
-E depois?
-Espera... tênis não foi um bom exemplo.
-Por que meus pés são tortos?
-Não... tsc. Porque tênis é algo bobo.
-Ah...
-É sério! Imagine você comprando um carro...
-Eu-comprando-um-carro??
-IMAGINE!
-Ok... vamos ver até onde isso vai.
-Ahn... aí você quer um carro em especial. É normal que enquanto esteja ansioso para fazer tal compra você fite outros carros nas ruas iguais àquele que você quer. Esse tipo de situação faz com que você preste mais atenção nestes tipos de carro, fazendo com que, NA SUA PERCEPÇÃO, este carro seja comum, pois você o vê em todo lado, e isto seja interpretado pela sua mente deturpada como um "sinal".
-Hum...
-Como "Hum"?! Não entendeu? Você está só pegando pecinhas esparças do seu dia-a-dia e tentando fazer com que elas façam algum sentido.
-Concluindo:...
-Concluindo: você está passando tempo demais sozinho, cara. Ocupe-se com outras coisas. Não pense nisso.
-Acho que tem razão... vou deixar fluir.
-Não foi isso que eu disse... disse pra não pen... Ai, ai (suspiro). Faça como quiser...
-Por hoje chega, né?
-É!

Saturday, August 26, 2006

Dia 5

-Gostou?
-Quem fez?
-Eu.
-Muito redondo.
-Hum... espera...
-E?
-Muito quadrado.
-É... talvez... e assim?


-Agora está muito...
-Ahh! Para!! Ficou legal.
-Qual?
-Todos.
-Tá, mas, qual ficou melhor.
-Talvez o redondo.
-Por que eu estou com bordas? Sou o único com bordas... Por que?
-...
-Ah... entendi. Melhor eu ficar quieto.
-Também acho. Mas, afinal: pra que isso aí?
-Pensei em fazer tipo uma marquinha... algo nosso.
-MARQUINHA??? FALE LOGO! "LOGO"!
-É correto esse termo? Logo?
-Achei que fosse logomarca.
-Não é logotipo? Eu já vi usarem logotipo...
-AÍ, COMO NINGUÉM SABE O CORRETO, CHAMAM DE "MARQUINHA"! BRILHANTE!!
-Er... tá. Fica o redondo. Qualquer coisa troca depois.
-Tá.
-E aí? Vai fazer algo hoje?
-Sei não. Acho que vou sair pra comer.
-Estou faminto.
-Eu também. Sugere algo?
-Tanto faz.
-Vou ver se tem algo pra comer em casa. Mas, duvido. Qualquer coisa a gente sai pra comer. Mas tem que ser algo barato.
-Tá.
-Até mais.
-Até.

Tuesday, August 22, 2006

Dia 4

-Por que o nome desse post é "Dia 4"?
-Porque é a quarta vez que conversamos, oras!
-Não, eu digo, por que "dia"? Já olhou pro relógio?
-Ah, é que eu não queria sair do padrão.
-Fresco.
-Olha... daqui eu consigo ver o céu.
-Está nublado.
-É. E está bem claro também.
-E frio.
-Verdade. Eu gosto dessa janela.
-Você nunca fecha.
-Prefiro assim. Fica batendo esse ventinho bom. Se esfriar muito eu encosto.
-Papo besta, hein.
-Você que só reclama.
-É pra isso que eu estou aqui, lembra?
-Tá, mas você podia pelo men....
-EI VOCÊS!
-E-e-eu?
-VOCÊS!!! VOCÊS DOIS!! CALEM ESSA BOCA E DESLIGUEM ESSA DROGA DE COMPUTADOR!!
-Desculpa, é que a gente est...
-EU NÃO QUERO SABER! NÃO ME INTERESSA! EU QUERO DORMIR!!
-Ei, qualé... não é assim também, deixa a gente terminar.
-OUTRA HORA VOCÊS TERMINAM!! FECHEM ISSO!
-Tá... a gente tá fechando.
-Qual é? Não é assim não! Vamos terminar sim.
-DESLIGUE ISSO AGORAAAA!
-Pare de gritar, faz favor. Estamos conversando.
-PRESTE ATENÇÃO, EU SÓ VOU FALAR UMA VEZ: EU-NUNCA-PARO-DE-GRITAR!! ENTENDEU, SEU ANIMAL AMARELADO!
-Ele me chamou de que?
-Deixa pra lá... vamos desligar.
-Não, espera. De que ele me chamou?
-Animal...
-... amarelo???? Eu não sou amarelo. Sou laranjado, é diferente!
-É mas...
-Mas nada!! O fundo é preto ainda, não há como confundir! Amarelo... humpf!
-Ai... deixa pra lá, vai.
-Além de tosco, é daltônico. Mané...
-CHEGA!! ESTOU INDO AÍ!!
-Fecha!! Rápido!!
-Ai! Droga...

Wednesday, August 16, 2006

Dia 3

- Você viu?
- Depende... o que?
- Servimos de inspiração!!
- Ah é... Vi... legal né?
- É. Humm... Depende. Mas...
- Que foi?
- Todo mundo faz isso.
- Er... é verdade. Só não escrevem.
- É. Mas então, como tem passado?
- Bem, bem. Preocupado com umas coisas só.
- É, eu sei.
- Normal. E aquelas dúvidas?
- Precisamos conversas sobre aquilo. Tsc... complicado, viu.
- Também acho.
- É uma decisão que pode mudar minha vida toda.
- Absolutamente qualquer decisão pode afetar sua vida toda.
- Ah mas...
- Não, é sério! Pense: ir ou não a festa? parece algo bobo... mas, de repente indo a festa você pode conhecer alguém especial, ou ainda no caminho ajudar alguém em problemas... ou ainda, ficando em casa muitas coisas podem acontecer.
- Mas concorda que se eu "sair", se eu me "mexer" as coisas têm mais chances de acontecer?
- Lógico. Quanto mais se mexe, mais caos...
- ... e quanto mais caos, melhor! Legal... acho que já sei o que fazer!
- Tira esse sorriso idiota da cara.
- Mas é sério! A ordem só pode vir do caos.
- E quando chegar a ordem?
- Aí eu bagunço tudo de novo.
- Hehe... tá aprendendo.. tá aprendendo.
- Olha só quem está com o sorriso idiota na cara agora!
- Às vezes você me orgulha.
- É?
- É. Mas só às vezes.

Wednesday, July 26, 2006

Dia 2

-Oi.
-Ah, oi.
-Sabe, legal isso.
-Isso o que?
-Conversar com você.
-É?
-É sim.
-Isso não é narcisismo?
-Hum. Talvez. Mas, narcisismo não é amor excessivo por si próprio?
-É.
-Então não é. Eu nem gosto tanto assim de você.
-Nem eu.
-"Nem você" o que?
-Nem eu gosto de você.
-Ah bom. Achei que não gostasse de si próprio.
-Também não gosto muito.
-Verdade. Deve ser difícil ser você.
-Na verdade não é que seja difícil, é meio frustrante. Me sinto um simulacro.
-Sente-se frustrado?
-Um pouco.
-Você tem uma razão de existir, isso não é legal?
-Como assim?
-Ah, você sabe... Todos procuram essa coisa da "razão da vida", e tal. Você tem um propsósito. Tem uma razão.
-Ainda não tinha pensado dessa forma... acho que está certo.
-É. Também acho.
-Puxa... Obrigado. Já me sinto melhor.
-Sai pra lá!
-O que foi?
-Não gosto de você, lembra-se?
-Mas... mas... você disse que era legal conversar comigo.
-Mas não precisa encostar.
-Hehe.
-Que foi?
-Você está ficando parecido comigo.
-Credo. Eu não! Não tenho nada a ver com você. Quer dizer, tenho sim. Mas, não é por opção.
-Se fosse por opção, digo, se pudesse escolher, continuaria assim? Ou seria cada um pro seu lado?
-Continuaria.
-E por que?
-De vez em quando você é útil.
-Puxa! Agora pouco eu tinha uma razão, agora eu já sou útil! Hey, eu sou alguém importante!
-Lembre-se: você não é ninguém.
-Mas que mania você tem, hein...
-Vamos parar por aqui, vamos acabar discutindo.
-É melhor mesmo.

Dia 1

-Não quero falar de filmes. Nem de música. Nem de desenho animado, nem de jogos de computador. Não quero falar a respeito de televisão, moda ou horóscopo.
-Ei, mas, uma página na internet que não tem NENHUM desses conteúdos certamente não terá visita alguma, ou ainda não será nem um pouco interessante.
-Eu sei. Mas é que eu gosto de fazer diferença.
-Como assim?
-Ah... não quero falar sobre isso. Vou parecer muito... hummm... visionário.
-Sei... mas... do que pretende falar então?
-Quero ser útil.
-Ué mas... por exemplo: moda é útil.
-Eu repudio moda.
-Mas é uma área em franca ascendência! Gera milhões! Sem contar com os empregos!
-Acho bobeira. Gera milhões, para poucos, e acho que ela supre uma carência que ela mesmo inventou. Além do que tem coisa muito pouco ética.
-Pff... ética... o que é pouco ética na moda?
-Usa-se peles. Tá... tá... não é todo mundo, mas usa-se. Acho isso deplorável.
-E daí?
-Como "e daí?"??? Matam animais e arrancam suas peles para fazer casacos, botas e essas coisas todas!! É horrível! Eu assisti um documentário que...
-Uma observação: o que você almoçou hoje?
-Eu sabia que você ía falar disso. Não me orgulho disso. Pretendo parar de comer carne.
-Pronto. Temos um tema. Que tal se falarmos sobre as maravilhas do veganismo, e como o mundo pode ser melhor dessa forma?
-Hummm. É uma boa idéia. Mas estaria sendo hipócrita.
-Então, pare de comer carne.
-Até quero parar. Mas, enquanto não o faço, não me sinto a vontade de falar sobre isso.
-Então tá. Enquanto isso vacas são degoladas, e...
-Pare.
-Tá... Tá... parei.
-Olha, está muito tarde, e preciso acordar cedo amanhã.
-Você sabia disso quando começou a escrever.
-É. Sabia mesmo. Ah.. deixa pra lá. Cale a boca... cansei-me de você por hoje.