Dia 6
-Nossa! Quanto tempo hein!?
-Verdade, algum... nem lembro exatamente quando foi a última vez que passamos alguma madrugada escrevendo aqui.
-Não se preocupe: o site tem registro das datas, é só olhar depois.
-Ah, é mesmo. Então, como tem passado?
-Não se pode reclamar muito... e você?
-Desse jeito também.
-Ok, chega de papo-furado. Que foi dessa vez?
-Hehe... você não mudou nada.
-VOCÊ não mudou nada. Vai, fale logo.
-Lembra sobre aquelas conversas que costumávamos ter sobre as relações das coisas, complexidade, causa X consequência...
-Sei, sei... mas, vixe... isso faz muito tempo.
-Pois é. Eu estive pensando muito sobre Sincronicidade, ultimamente.
-Ou isso é muito bom, ou é muito mau...
-Pera, você nem me ouviu ainda!
-Vai... o que aconteceu dessa vez?
-Vááárias coisas. Comecei fazer uma retrospectiva das coisas mais singelas que aconteceram comigo, que podem ter alguma relação com algo que eu já tenha passado, ou que estão por vir.
-Só não use a palavra "destino" que eu viro as costas, e vou-me embora.
-Não, nada disso. São só as relações não-causais. Não é algo que gerou isso. É como se fosse uma convergência de significados... não são coincidência! Por vezes nota-se um padrão até.
-Cara...
-É sério! É que você não tem sensibilidade pra notar esses fatos. São quase todos muito sutis. Lembra da rua que eu morava? Havia uma lavanderia com o apelido de uma irmã minha indo pro lado direito... e lembra-se do que havia no final da rua, indo pro lado esquerdo?
-Cara...
-Uma floricultura com o apelido da minha OUTRA irmã! Qual é chance disso acontecer? Há um significado nisso, não acha?
-Meu...
-Espera, não acabei: não tem notado a quantidade enorme de coisas que tenho... ahn... vivenciado ultimamente? Lembra quando eu estava conversando com a M...
-EI! CALABOCA! Você tá precisando de ajuda profissional, isso sim. PARE com isso.
-Por que?
-Isso é tão fácil de entender! Imagine que... ahn... imagine que você quer comprar um... um qualquer coisa... um tênis. Um tênis qualquer. Quer dizer, não um "tênis qualquer" mas, um tênis específico. Mas, tem dúvidas... está hesitante sobre isso... hum...
-E depois?
-Espera... tênis não foi um bom exemplo.
-Por que meus pés são tortos?
-Não... tsc. Porque tênis é algo bobo.
-Ah...
-É sério! Imagine você comprando um carro...
-Eu-comprando-um-carro??
-IMAGINE!
-Ok... vamos ver até onde isso vai.
-Ahn... aí você quer um carro em especial. É normal que enquanto esteja ansioso para fazer tal compra você fite outros carros nas ruas iguais àquele que você quer. Esse tipo de situação faz com que você preste mais atenção nestes tipos de carro, fazendo com que, NA SUA PERCEPÇÃO, este carro seja comum, pois você o vê em todo lado, e isto seja interpretado pela sua mente deturpada como um "sinal".
-Hum...
-Como "Hum"?! Não entendeu? Você está só pegando pecinhas esparças do seu dia-a-dia e tentando fazer com que elas façam algum sentido.
-Concluindo:...
-Concluindo: você está passando tempo demais sozinho, cara. Ocupe-se com outras coisas. Não pense nisso.
-Acho que tem razão... vou deixar fluir.
-Não foi isso que eu disse... disse pra não pen... Ai, ai (suspiro). Faça como quiser...
-Por hoje chega, né?
-É!